terça-feira, 17 de março de 2009








2- Diabetes
Devidamente tratada, a diabetes não impede o doente de ter uma vida perfeitamente normal e autónoma. Contudo, é fundamental que o diabético se ajude a si mesmo, autocontrolando a sua doença. Aliás, se o doente for determinado neste papel de autovigilância, a sua vida ficará muito facilitada.
2.1- O que é a diabetes?
A diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos. À quantidade de glicose no sangue chama-se glicemia e quando esta aumenta diz-se que o doente está com hiperglicemia.

2.2- Quem está em risco de ser diabético?
A diabetes é uma doença em crescimento, que atinge cada vez mais pessoas em todo o mundo e em idades mais jovens. No entanto, há grupos de risco com fortes probabilidades de se tornarem diabéticos:
Pessoas com familiares directos com diabetes;
Homens e mulheres obesos;
Homens e mulheres com tensão arterial alta ou níveis elevados de colesterol no sangue;
Mulheres que contraíram a diabetes gestacional na gravidez;
Crianças com peso igual ou superior a quatro quilogramas à nascença;
Doentes com problemas no pâncreas ou com doenças endócrinas.
2.3- Quais são os sintomas típicos da diabetes?
Nos adultos A diabetes é, geralmente, do tipo 2 e manifesta-se através dos seguintes sintomas:
· Urinar em grande quantidade e muitas mais vezes, especialmente durante a noite (poliúria);
· Sede constante e intensa (polidipsia);
· Fome constante e difícil de saciar (polifagia);
· Fadiga;
· Comichão (prurido) no corpo, designadamente nos órgãos genitais;
· Visão turva.
Nas crianças e jovens - A diabetes é quase sempre do tipo 1 e aparece de maneira súbita, sendo os sintomas muito nítidos. Entre eles encontram-se:
Urinar muito, podendo voltar a urinar na cama;
Ter muita sede;
Emagrecer rapidamente;
Grande fadiga, associada a dores musculares intensas;
Comer muito sem nada aproveitar;
Dores de cabeça, náuseas e vómitos.
É importante ter presente que os sintomas da diabetes nas crianças e nos jovens são muito nítidos. Nos adultos, a diabetes não se manifesta tão claramente, sobretudo no início, motivo pelo qual pode passar despercebida durante alguns anos.
2.4- Que tipos de diabetes existem?
Diabetes Tipo 2 (Diabetes Não Insulino-Dependente) - É a mais frequente (90 por cento dos casos). Este tipo de diabetes aparece normalmente na idade adulta e o seu tratamento, na maioria dos casos, consiste na adopção duma dieta alimentar, de forma a normalizar os níveis de açúcar no sangue. Recomenda-se também a actividade física regular.
· Diabetes Tipo 1 (Diabetes Insulino-Dependente) - É mais rara. Contrariamente à diabetes tipo 2, a diabetes tipo 1 aparece com maior frequência nas crianças e nos jovens, podendo também aparecer em adultos e até em idosos.
· Diabetes Gestacional - Surge durante a gravidez e desaparece, habitualmente, quando concluído o período de gestação. Uma em cada 20 grávidas pode sofrer desta forma de diabetes.
Obstrução arterial periférica - perturbação da circulação, por exemplo nas pernas e nos pés;
Disfunção e impotência sexual - a primeira manifesta-se de diferentes formas em ambos os sexos;
Infecções diversas e persistentes - boca e gengivas, infecções urinárias, infecções das cicatrizes depois das cirurgias.
3- Obesidade
Obesidade é uma doença que constitui um importante factor de risco para o aparecimento, desenvolvimento e agravamento de outras doenças.
Há tantas pessoas obesas a nível mundial que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou esta doença como a epidemia global do século XXI.
3.1- O que é a obesidade?
De acordo com a OMS, a obesidade é uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afectar a saúde.
É uma doença crónica, com enorme prevalência nos países desenvolvidos, atinge homens e mulheres de todas as etnias e de todas as idades, reduz a qualidade de vida e tem elevadas taxas de morbilidade e mortalidade.
3.2- Quais são os tipos de obesidade?
Obesidade andróide, abdominal ou visceral - quando o tecido adiposo se acumula na metade superior do corpo, sobretudo no abdómen. É típica do homem obeso.
Obesidade do tipo ginóide- quando a gordura se distribui, principalmente, na metade inferior do corpo, particularmente na região glútea e coxas. É típica da mulher obesa.
3.3- O que causa a obesidade?
O excesso de gordura resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia dispendida. Os factores que determinam este desequilíbrio são complexos e podem ter origem genética, metabólica, ambiental e comportamental.


3.4- Quais são os factores de risco?
Vida sedentária - quanto mais horas de televisão, jogos electrónicos ou jogos de computador, maior a prevalência de obesidade;
Zona de residência urbana - quanto mais urbanizada é a zona de residência maior é a prevalência de obesidade;
Grau de informação dos pais - quanto menor o grau de informação dos pais, maior a prevalência de obesidade;
Factores genéticos - a presença de genes envolvidos no aumento do peso aumentam a susceptibilidade ao risco para desenvolver obesidade, quando o indivíduo é exposto a condições ambientais favorecedoras, o que significa que a obesidade tem tendência familiar;
Gravidez e menopausa podem contribuir para o aumento do armazenamento da gordura na mulher com excesso de peso.
3.5- A obesidade provoca alterações socio-económicas e psicossociais:
Discriminação educativa, laboral e social;
Isolamento social;
Depressão e perda de auto-estima.
3.6- Como se previne a obesidade?
Dieta alimentar equilibrada;
Actividade física regular;
Modo de vida saudável.

4- Anorexia
4.1- O que é?

A anorexia nervosa é um distúrbio alimentar, caracterizada por uma rígida e insuficiente dieta alimentar (com baixo peso corporal) e stress físico. A anorexia nervosa é uma doença complexa, envolvendo componentes psicológicos, fisiológicos e sociais. Uma pessoa com anorexia nervosa é chamada de anorética.

4.2- A quem afecta
A anorexia nervosa afecta primariamente adolescentes do sexo feminino e jovens mulheres do Hemisfério Ocidental, mas também afecta alguns rapazes. A taxa de mortalidade da anorexia nervosa é de aproximadamente 10%, uma das maiores entre qualquer transtorno psicológico.
4.3- Causas
No caso dos jovens adolescentes de ambos os sexos, poderá estar ligada a problemas de auto-imagem, insegurança, baixa auto-estima dificuldade em ser aceito pelo grupo, ou em lidar com a sexualidade genital emergente, especialmente se houver um quadro neurótico (particularmente do tipo obsessivo-compulsivo) ou história de abuso sexual ou de bullying.

4.4- Sintomas
Peso corporal em 85% ou menos do nível normal.
Em pessoas do sexo feminino, ausência de ao menos três ou mais menstruações. A anorexia nervosa pode causar sérios danos ao sistema reprodutor feminino.
Diminuição ou ausência da líbido; nos rapazes poderá ocorrer impotência e dificuldade em atingir a maturação sexual completa, tanto a nível físico como emocional.
Crescimento retardado ou até paragem do mesmo, com a resultante má formação do esqueleto (pernas e braços curtos em relação ao tronco).
Descalcificação dos dentes; cárie dentária.
Depressão profunda.
Tendências suicidas.
Bulimia, que pode desenvolver-se posteriormente em pessoas anoréxicas.
A anorexia possui um índice de mortalidade entre 15 a 20%, o maior entre os transtornos psicológicos, geralmente matando por ataque cardíaco, devido à falta de potássio ou sódio (que ajudam a controlar o ritmo normal do coração). Pode ser causada por distúrbio da auto-estima.

4.5- Tratamento
Deve-se ter duas vertentes, a não-farmacológica e a farmacológica. Entretanto deve-se ter em mente a importância de uma relação médico-paciente satisfatória,uma vez que a negação pelo paciente é muitas vezes presente. Dependendo do estado geral da paciente pode-se pensar em internação para restabelecimento da saúde. Correção de possíveis alterações metabólicas e um plano alimentar bem definido são fundamentais. Além disso, o tratamento também deve abordar o quadro psicológico, podendo ser principalmente a terapia cognitivo-comportamental e psicoterapia individual. Em relação a abordagem farmacológico tem-se utilizado principalmente os antidepressivos, mas que é uma área que carece de muitos resultados satisfatórios tendo em vista a multicausalidade da doença. Dessa forma, é importante uma abordagem multi-disciplinar, apoio da família e aderência do paciente. As recaídas podem acontecer, daí a importância de se ter um acompanhamento profissional por longa data.

5- Bulimia

A bulimia é um distúrbio alimentar grave. Por definição, há ingestão compulsiva de grandes quantidades de comida muito calórica, com perda do controlo, seguindo-se comportamentos “compensatórios”, como forçar o vómito, usar laxantes, diuréticos ou outros medicamentos, jejuar ou realizar exercício físico excessivo.
Esta doença é mais frequente em mulheres entre os 15 e 20 anos, com auto-estima baixa, tímidas, pouco afirmativas, impulsivas e pouco responsáveis de si mesmas. Além disso, é comum um doente bulímico não contar a ninguém o seu problema de saúde dificultando ainda mais a cura desta distúrbio.
O perfil típico de um doente bulímico é o de uma mulher jovem, com história pessoal ou familiar de obesidade e de distúrbios do humor, que acha que tem excesso de peso e começa a fazer uma dieta. Apesar de perder algum peso, não fica satisfeita e desenvolve uma preocupação exagerada com o seu peso e forma corporal. Isto leva-a a fazer dietas cada vez mais restritivas. Seguem-se os episódios de empanturramento, quando perde o controlo sobre a ingestão alimentar. O seu medo de engordar é tão grande quanto a sua atracção pela comida. Então, perturbada pela sua falta de controlo e pela possibilidade de ficar gorda decide induzir o vómito ou usar laxantes para poder comer grandes quantidades de comida sem ganhar peso. Os episódios bulímicos agravam-se. E o seu problema tende a tornar-se crónico, com flutuações frequentes na gravidade dos sintomas.
As principais consequências desta doença são: depressão; fadiga; irregularidade menstrual (se for em mulheres); problemas de estômago, coração e esófago; fragilidade dos ossos e dentes; diminuição da temperatura corporal; desmaios e fraquezas; dores de garganta; sangramento do tubo digestivo; perturbações na aprendizagem e nas relações interpessoais, etc.
A abordagem do problema deve ser multi-disciplinar, como psicoterapia, gastrenterologia, aconselhamento diético e tratamentos médicos. Na maioria das vezes os pacientes não precisam de ser internados, devendo ser acompanhados em regime de ambulatório.